Três-lagoense que foi destaque no ESPN sonha com a medalha de ouro na Rio 2016
Silvânia Costa de Oliveira

Alcoolismo, depressão, maternidade ainda adolescente e depois cegueira. Todos estes fatores poderiam ser um roteiro de uma tragédia brasileira, mas não no caso de Silvânia Costa de Oliveira. Tudo isso serviu para a mulher nascida em Três Lagoas-MS transformar em combustível para sua vitória pessoal. A atleta que compete no salto em distância e nas provas de velocidade no atletismo enfrentou as mais diversas dificuldades antes de sonhar com a medalha de ouro Jogos Paralímpicos 2016, no Rio de Janeiro.
"Comecei aos 11 anos na escola. Os professores viam que eu tinha potencial. Começou como uma brincadeira, eu não tinha noção nenhuma ainda. Aos 11 anos eu tinha uma infância perfeita, era danada e peralta. Foi quando o médico diagnosticou que eu e todos meus irmãos ficaríamos cegos. Achei que era coisa simples e não esperava o baque", contou em entrevista ao espnW.
"Quando descobri que estava com a doença de Stargardt, que vai se agravando conforme o tempo, eu não acreditava. Foi muito complicado e difícil acreditar que eu estava cega. Percebi que estava realmente sem enxergar quando completei 25 anos. Antes me considerava com deficiência, enxergava pouco."
Com a notícia, os pais de Silvânia se desesperaram. Não conseguiram suportar a pressão e acabaram tomando caminhos diferentes, desestruturando todo o círculo familiar.
"Passamos por muitas dificuldades. Meu pai não aceitava isso e se entregou à bebida, dormia na rua e na calçada. Minha mãe ficou em depressão e se trancou no quarto. Perdi minha infância e minha adolescência cuidando de idosos e crianças."
Além disso, ela foi mãe com apenas 17 anos e seu começo no atletismo veio para suprir as necessidades financeiras. As corridas davam alguma renda no sustento da família. "Comecei a correr com um amigo que me chamou para uma corrida de rua. Pagava R$ 300 e achava muito longe. Não corria nem um quarteirão, não sabia como era."
"Entrei porque precisava de dinheiro para pagar o leite da minha filha. Uma vez, quando chegou aos 8 km em uma corrida, tive gosto de sangue, vomitei, mas lembrei porque precisava concluir a prova. Ganhei, paguei o leite e disse que nunca mais iria correr na vida."
Mesmo assim, ela não podia correr dos problemas. Por isso, foi tentar mais uma vez e isso se tornou uma rotina. Pegou gosto pelo esporte e não parou mais.
"As dívidas não paravam e me chamaram para ir a Brasília correr 10 km por R$ 500. Achei bom, entrei e ganhei de novo. Passei muito mal, tive febre, meu corpo não estava preparado para tanto. Fiquei internada após correr. Depois comecei a treinar sozinha na minha cidade em volta de uma lagoa que tem um percurso maior."
O início não foi fácil, mas os resultados deram melhores condições de trabalho. "Fui para uma corrida de rua e um treinador me viu. Era a corrida de Reis, em Cuiabá. Depois me chamaram para vir para São Paulo com transporte, alimentação e casa. Uma vez em uma competição a gente comprou um suco "Tang" e pão francês para comer. Foi muito difícil no começo, mas precisava disso para sobreviver."
"Entrei no Brasileiro e queria a medalha de bronze. Depois falei: ‘Quero a prata’ (risos). Foi assim que consegui ser a melhor do Brasil. Fui para o mundial e depois comecei a treinar em São Caetano. Estou aqui há três anos."
Fonte:

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