Haitianos sofrem com desemprego em Três Lagoas

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Haitianos sofrem com desemprego em Três Lagoas
Todos os dias Fedner Dabady, 33 anos, se dirige até a Casa do Trabalhador e procura por novas vagas de emprego. A situação é definida como frustrante pelo haitiano que mora desde 2013 em Três Lagoas. "Tem dia que tem vagas e eles não querem nos dar e sim para os brasileiros. Tem empresa que já chega e fala que não quer trabalhar com os haitianos", diz. A comissão dos direitos trabalhistas criada pela Casa do Trabalhador é um sopro de esperança para os haitianos e outros imigrantes, que só querem uma renda fixa e estabilidade para morar na cidade. "Nós queremos buscar uma oportunidade de transformar nossa realidade. Desde que cheguei no Brasil tem essas coisas, as empresas só falam que não querem trabalhar conosco e não nos dão um motivo", afirma Dabady. Mesmo com o preconceito o trabalhador diz firmemente que quer continuar no país e ter uma vida tranquila. "Pessoalmente eu e alguns amigos meus queremos continuar no Brasil para tentar uma vida melhor, nós até voltamos no Haiti para passear, mas morar é no Brasil. Nossa cultura é bem pacífica, eu estou aqui há cinco anos e nunca vi no jornal um haitiano que foi preso em Três Lagoas. Quando saímos do país é só para trabalhar e ter uma vida tranquila", diz. "Não vou generalizar o caso, tem muitas pessoas que dá para conviver bem, mas tem também pessoas hostis. Eu já consegui um emprego e fiquei 40 dias porque meu chefe era racista, porque além de ser estrangeiro eu sou negro", finaliza. Comissão de direitos trabalhistas A Casa do Trabalhador de Três Lagoas está criando uma comissão de direitos trabalhistas e humanitários aos haitianos residentes em Três Lagoas. O objetivo segundo Welton Alves, diretor da agência pública de empregos, é fazer uma intermediação entre a mão de obra dos funcionários haitianos e o setor industrial do município. "Temos acompanhado as dificuldades e necessidades deles aqui na Casa do Trabalhador, todo dia quando abrimos as portas às sete horas da manhã, eles já estão aqui. Abrimos um diálogo e percebemos que falta muita coisa para que eles possam ser inseridos no mercado de trabalho, falta organização, conscientização", pontua. O diretor explica que um dos fatores para o desemprego advém de um fato isolado em determinada empresa, que se transformou em uma situação generalizada. "Tiveram dois haitianos que não foram bem-sucedidos em algumas indústrias e através desse fato - de um número tão reduzido - estão generalizando um comportamento micro que eles trouxeram para o macro, o que vem causando uma disfunção social", conta. A falta de dados estatísticos a respeito de imigrantes dificulta a organização para o encaminhamento dos trabalhadores às empresas, de acordo com Alves, com a comissão será possível ter um retrato mais específico da imigração em Três Lagoas. "Estamos aqui para montar uma comissão e darmos um pouco de dignidade aos nossos imigrantes. Lembrando que essa não é uma comissão com intuito jurídico é na informalidade mesmo, para em breve formalizarem e podermos ter um pouco mais de voz ativa no nosso município", finaliza.

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