Defesa de acusada de esquartejamento alega que mulher vivia ‘inferno sexual’ antes do crime
Advogados de Aparecida Graciano de Souza concederam entrevista à Caçula FM e revelam detalhes sobre os antecedentes da morte de Antônio Ricardo Cantarim, em maio de 2023 em Selvíri

O caso que chocou Selvíria e ganhou repercussão regional no dia 26 de maio de 2023 volta aos holofotes nesta semana com o julgamento marcado para quarta-feira, 11, no Fórum de Três Lagoas.
Aparecida Graciano de Souza, acusada de matar e esquartejar seu companheiro, Antônio Ricardo Cantarim, de 64 anos, será ouvida pela primeira vez diante do Conselho de Sentença.
Em entrevista nesta sexta-feira, 06, os três advogados de defesa apresentaram detalhes inéditos e defenderam que a ré agiu após anos de abusos sexuais, psicológicos e ameaças de morte.
Segundo a versão apresentada pelos advogados Kethiny Figuerêdo, Rogério de Souza e Valdir Rocha dos Santos, Aparecida teria vivido durante quase dois anos sob cárcere emocional, sendo supostamente dopada e violentada rotineiramente.
A defesa afirma que Antônio respondia a uma acusação de abuso sexual contra uma neta postiça, crime que teria ocorrido entre 2020 e 2023, e só não foi julgado devido ao seu falecimento.
De acordo com os relatos de Kethiny Figuerêdo, a ré era forçada a consumir bebidas alcoólicas misturadas a medicamentos e abusada enquanto estava inconsciente. Ela também teria sido ameaçada de morte, bem como sua filha, caso denunciasse os abusos.
A linha de defesa se baseia no argumento de violência sexual e psicológica crônica, que teria culminado em um ato desesperado. “Ela foi colocada em uma situação de terror diário. No dia dos fatos, ele se revelou: disse que não precisava mais dopá-la para fazer o que queria. Aquilo foi o estopim”, relatou o advogado Valdir Rocha.
Os advogados explicaram que, ao assumirem o caso em abril deste ano, não puderam mais apresentar testemunhas, decisão já consolidada pelo magistrado.
A estratégia, portanto, será focar no depoimento direto da acusada aos jurados, para que eles tenham acesso, pela primeira vez, à narrativa completa de quem não havia sido ouvida formalmente em juízo.
“Ela nunca teve voz para contar o que viveu. Vai contar agora. Os jurados precisam ouvir dela o que houve”, declarou Rogério de Souza.
Apesar de a acusação sustentar que o crime envolveu envenenamento com a substância conhecida como “mão branca”, a defesa alega que não há laudo técnico que comprove o uso de veneno.
“No atestado de óbito consta apenas a suspeita de envenenamento. Não há exame conclusivo, nem prova científica. Nem mesmo há laudo de que o corpo estivesse em um freezer, como se propagou na época”, reforçou Valdir.
Segundo as investigações da época, o corpo do companheiro foi esquartejado, com parte dos restos mortais encontrados dentro de uma mala abandonada e outra parte supostamente armazenada em um freezer na casa da mulher, informação que, agora, é questionada pela defesa.
A mulher foi presa dias depois do crime e, desde então, aguarda julgamento. Ela tem 62 anos, sem antecedentes criminais, e tem filhos de outro relacionamento. Vivia com o companheiro em uma residência alugada.
O julgamento ocorrerá às 8h30, no Fórum de Três Lagoas, com transmissão ao vivo pelo canal “Júris em Três Lagoas”. A defesa convida a população a acompanhar o processo.
“Esse caso não é só sobre um crime bárbaro. É sobre uma história de violência, silenciada por medo e vergonha. Agora é hora de contá-la por completo”, concluiu a defesa.
Fonte: Da Redação
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