Aviões não tripulados fotografam diariamente 230 hectares de floresta em Três Lagoas

Tem robô na floresta

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Aviões não tripulados fotografam diariamente 230 hectares de floresta em Três Lagoas
Inteligência artificial, drones, clonagem, veículos que se movem sozinhos. Os temas bem poderiam fazer parte de um roteiro de ficção científica ou ainda tratar-se de um grande player de tecnologia. Mas, nesse caso, a justificativa para toda essa inovação são as árvores. Milhões delas. Indo ao ponto: estamos falando de uma empresa que precisa monitorar, da forma mais precisa possível, um conjunto de 28 milhões de pés de eucalipto distribuídos em uma área equivalente a 224 mil campos de futebol. E que tem feito isso com tanto sucesso que uma emrpesa de celulose adotou em pouco mais de cinco anos de existência, tornou-se a terceira maior fabricante de celulose do País, atrás de duas outras gigantes do setor. “Um eucalipto leva de seis a sete anos para crescer”, diz Carlos Justo, gerente de planejamento e controle florestal da empresa, que no ano passado faturou R$ 2,5 bilhões. “Nesse tempo, precisamos nos assegurar de que as plantas estejam se desenvolvendo como o esperado.” Controlada pela J&F, do grupo JBS, a empresa com sede em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, nem sempre foi tão tecnológica. Até dois anos atrás, o acompanhamento das árvores era feito da forma convencional: para chegar a uma estimativa do desempenho dos eucaliptos, era preciso medir 14 árvores a cada 400 metros quadrados. O tempo gasto e o custo da operação levaram os executivos da Eldorado a repensar a forma como o inventário era feito. Eles acionaram pesquisadores da Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, para desenvolver uma técnica mais produtiva. Os acadêmicos criaram uma tecnologia à base de inteligência artificial para fazer esse levantamento. Agora, basta medir apenas três árvores no mesmo espaço utilizado na contagem convencional que uma rede neural faz os cálculos em função de variáveis numéricas, reunindo dados como diâmetro e altura da árvore, assim como detalhes de seu material genético e da fazenda onde está plantada. “Conseguimos reduzir em 78% as medições realizadas em campo”, afirma Justo. Não à toa a companhia vem batendo sucessivos recordes de produção. O último foi registrado em julho, quando alcançou 152.182 toneladas de celulose. No ano passado, a empresa ganhou ainda outro reforço tecnológico para ajudar no monitoramento da área plantada. Quatro veículos aéreos não-tripulados, mais conhecidos como drones, foram importados da Suíça e adaptados para as necessidades na empresa. Com autonomia de voo de 40 minutos, esses aviõezinhos por controle remoto conseguem fazer cerca de dez voos por dia, fotografando um total de 230 hectares – ou 280 estádios de futebol do tamanho do Maracanã. Depois de reunidas, essas imagens formam um mapeamento da área em 3D, o que permite, por exemplo, traçar a linha de plantio com precisão de centímetros. “Não precisamos mais definir a linha ‘no olho’, como fazíamos até então”, diz o executivo da empresa. “Agora, basta transferir os dados coletados pelo drone para a máquina responsável pelo plantio, que também é automatizada.” Aliás, a empresa só trabalha com mudas clonadas (a partir de uma planta já existente, e não por meio de uma nova semente), levando a uma seleção natural com árvores mais resistentes e que gerem ainda mais celulose. Considerando as dificuldades inerentes a um setor que lida com grandes áreas e ainda está sujeito a mudanças climáticas, inovações como as da Eldorado chamariam atenção em qualquer outra empresa do agronegócio. Mas, há ainda outras qualidades no currículo da companhia. A começar pelo tempo de estrada: enquanto suas concorrentes acumulam décadas de experiência, a empresa do grupo J&F estreou apenas em 2010. Tudo bem que o investimento foi maciço – R$ 6,2 bilhões na primeira planta e outros R$ 8 bilhões na segunda, que deve ficar pronta em 2018 –, mas os resultados, de todo modo, têm surpreendido para uma novata. Além disso, diversas das tecnologias adotadas pela Eldorado foram implementadas recentemente, depois de constatados alguns gargalos. “Até pouco tempo atrás, a irrigação era feita com um carro e dez pessoas atrás, debaixo do sol”, diz Justo. “Agora, temos uma máquina que faz o trabalho praticamente sozinha.” Os negócios parecem refletir os investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento. Competitiva, a empresa – cuja celulose é usada na fabricação de papéis para impressão e para o segmento de higiene – vem conquistando terreno no exterior e já responde por 13% das exportações brasileiras de celulose – ao todo o mercado nacional exporta dois terços de sua produção. A crise na economia brasileira, inclusive, tem impactado menos a empresa graças aos clientes lá fora, que respondem por 89% das vendas totais da empresa. O principal destino é a Alemanha, mas a companhia também é forte em países como China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Itália. Nos negócios, ao contrário de suas traquitanas tecnológicas, a empresa está bem distante da ficção. -----

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