Na noite desta segunda-feira (21), uma ocorrência que envolveu saúde mental, violência e o vício em jogos online mobilizou a Polícia Militar de Três Lagoas.

A PM através da equipe do sargento Freitas esteve em uma residência na Rua Alaor Pimenta de Queiroz, no bairro Vila Alegre, onde moradores relataram que uma pessoa estaria ameaçando a própria família com uma faca.

Ao chegarem ao local, os militares se depararam com um cenário tenso: um jovem autista em crise havia mordido a mão do avô e o pai, e ameaçava a mãe com uma faca.

Em meio à confusão, os policiais identificaram uma situação ainda mais grave — a crise do jovem teria sido desencadeada por cobranças de uma dívida contraída por sua mãe no infame jogo do “tigrinho”, um jogo de azar online que tem viciado milhares de pessoas no país.

Segundo informações colhidas pelos policiais no local, a mãe do jovem perdeu R$ 11 mil no jogo e, desesperada para recuperar o valor, recorreu a empréstimos com bolivianos que atuam na cidade e recebem diariamente o dinheiro que emprestam.

O novo valor também foi perdido, e os cobradores passaram a aparecer diariamente na residência da família, exigindo o pagamento com ameaças. Nesta segunda-feira, em mais uma cobrança, o jovem teve uma crise ao ver a situação.

Diante o caso, o SAMU foi acionado para atender as vítimas mordidas e auxiliar na contenção e medicação do jovem, que apresentava intenso sofrimento psíquico. A polícia conseguiu controlar a situação sem a necessidade de conduções ou prisões, tratando o caso com a devida sensibilidade.

A equipe policial também realizou buscas pelos bolivianos citados, mas eles não foram localizados até o momento.

ALERTA

O caso levanta um alerta sobre o crescimento do vício em jogos virtuais e a atuação clandestina de agiotas, que têm explorado a vulnerabilidade de famílias já fragilizadas.

APELO DO PAI

Em meio à dor e confusão, emocionado, o pai do jovem fez um apelo emocionado à reportagem:

“Além do problema do vício no jogo da minha mulher, ainda luto pelo tratamento do meu filho. Eu sou trabalhador, mas não tenho condição de bancar tudo. E ninguém do poder público estende a mão pra nos ajudar. Minha mulher não para de jogar, já tentei de tudo, e não estou mais aguentando isto”, disse o morador.

O episódio é um retrato de como questões de saúde pública, vício digital e a omissão do Estado podem se entrelaçar e gerar tragédias silenciosas dentro de casa.

Fonte: Da Redação