Cães também ficam doentes, saiba como lidar com o comportamento
Mais sozinhos em casa no pós-pandemia, animais estão mudando de comportamento, diz veterinária da Capital

Com o home office tendo virado realidade para algumas profissões, por causa da pandemia de Covid-19, a partir de 2020, o tempo de convívio com os pets virou rotina. Mas a volta ao novo normal acarretou certos problemas para os bichinhos, os quais também se acostumaram ter o dono ao lado. Em alguns casos, os animais apresentam nítida dificuldade em razão da ausência.
A convivência na pandemia proporcionou companhia e momentos de alegrias entre tutor e pet, mas a volta das responsabilidades presenciais e da quebra de rotina pode aumentar o nível de ansiedade nos bichinhos.
É o que explica a veterinária comportamental Rúbia Caetano. Tratando-se da mente canina, os bichinhos são condicionados. Assim sendo, mudanças bruscas no cenário poderão não ser bem compreendidas, o que pode gerar a chamada ansiedade da separação.
Foi o que levou a designer Juliana Mello a procurar um adestrador para tratar situações como sujeira fora do tapetinho e latidos incessantes, os quais podem eventualmente incomodar os vizinhos.
Durante a pandemia, Humberta, cadela da raça maltês de 5 anos, conviveu 100% com a família durante o período pandêmico. Contudo, assim que a realidade mudou, a pequena precisou de auxílio.
“O que me fez procurar um adestrador profissional foi a dificuldade em deixar a Humberta sozinha em casa nos dias que vou trabalhar, tanto pelo meu lado quanto pelo lado dela.
Do meu lado, eu ficava muito ansiosa, achando que ela estava ficando depressiva sozinha. Do lado dela, eu comecei a perceber uma inquietação. Fui ver os sinais, e são clássicos de ansiedade”, conta Juliana.
A ansiedade da separação é muito comum e pode prejudicar o convívio tanto dentro de casa como também durante passeios. Humberta começou a demonstrar inquietação, tremedeira e baba excessiva, além de lamber seu corpo sem parar.
Quando Juliana pesquisou a respeito, se deu por conta que eram alguns dos sinais mais comuns referentes à ansiedade da separação.
Rúbia também indica o acompanhamento de um adestrador que trabalhe na linha do adestramento positivo, a qual orienta o dono sobre como corresponder as necessidades do pet e também estimular o cachorro de outras maneiras. Ou seja, trata-se de um trabalho em equipe.
“O treino entre tutor e cão, além de fortificar o vínculo, é um enriquecimento ambiental cognitivo, que estimula o cão a pensar, fora os brinquedos interativos”, explica a veterinária.
Seja criativo
E por falar em brinquedos, não é preciso aumentar gastos com novos – opte usar o que já tiver em casa, sugere Rúbia.
“Por exemplo a garrafa pet. Com alguns furos e com a ração dentro, esse exercício – ou brincadeira – não apenas desperta a curiosidade do bichinho, mas tem a função de estimular o faro, o que é essencial”, exemplifica.
Cordas para puxar, caixas de ovo com pequenas porções de ração distribuídas nelas e meias com bolinhas de papel são pequenas ideias que podem tornar o ambiente mais interativo e, assim, conseguir diminuir a ansiedade do pet pela ausência do tutor. E isso até que ele se condicione à nova realidade.
Rúbia argumenta que cada cão tem seu jeitinho de ser e que é importante o dono ir entendendo e filtrando os hábitos do animal. De início, o cão pode não captar muito bem a dinâmica de exercícios propostos. Por isso, é fundamental estimular com elogios durante os primeiros passos.
“Exemplo disso pode ser um cachorro que não costuma pegar a bolinha. O primeiro objeto deve ser apresentado, isto é, deixar o pet cheirar, reconhecer. Em alguns casos, quando a bola é lançada, é muito comum que ele apenas siga o caminho e cheire sem entender a proposta. Mas é o suficiente para um bom começo. São progressos, devendo ser tratados como pequenos avanços”, detalha.
Conforme conta o adestrador da linha do método positivo Antônio Carlos Moreira, mais conhecido como Tony Cão, tudo é processo. Para ele, é fundamental que o tutor entenda o perfil do seu pet.
“Alguns donos já devem ter se deparado com uma roupa ou almofada destroçada. A rebeldia na mente canina se desenvolve da seguinte forma: é o cheiro do dono, ou seja, para o cachorro esse gesto pode ser lido como um momento de brincadeira com o tutor”, elucida.
É possível reverter
Da mesma maneira que a mente dos cães se acostumou com a presença diária do tutor, ela também é capaz de se adaptar a nova rotina. “Nunca se esqueça: condicionamento é uma realidade no mundo canino”, alertam os especialistas.
Outra preocupação muito comum é a solidão do animal na casa em que habita. Nesse sentido, é importante que o dono entenda que o espaço – seja um canil, seja dentro da residência – é o mundo do peludo, no qual ele se sente acolhido e seguro, descreve Rúbia.
“Basta apenas trabalhar agregando elementos e atividades que despertem a curiosidade e, dessa forma, devolvam a qualidade de vida, diminuindo o sofrimento do animal enquanto ele se readapta a sua nova realidade”, diz a veterinária.
Mas atenção: muito tempo junto nem sempre significa tempo de qualidade, pontuam os especialistas. Reinvente a rotina e aproveite seu fiel amigo com carinho, zelo e cuidado.
Fonte: Correio do Estado
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