“O que secou a Lagoa foi a quebra do vertedouro” - diz ambientalista

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“O que secou a Lagoa foi a quebra do vertedouro” - diz ambientalista
O ambientalista, técnico do meio ambiente e diretor da ONG - Organização Não Governamental - Amigos da Lagoa, Manoel Pimenta questiona o estudo do pesquisador e coordenador do Laboratório de Análise Ambiental - professor André Luiz Pinto. Pimenta contesta os planos de manejos e sugestões emergenciais desenvolvidos pela UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. De acordo com ele, não é possível identificar fotos dos professores embarcados dentro da Lagoa. Ele explica que o ambiente mais fundo - no meio da Lagoa - onde deveriam ser monitoradas a quantidade e as espécies de peixes existentes - não foi pesquisado. "Ficaram um ano e meio monitorando e não entraram na Lagoa. O estudo não cita, ao menos, a qualidade da água. A turbidez não foi pesquisada", disse. A turbidez identifica se a água está ou não contaminada. Pimenta explica que o principal problema da Lagoa Maior é o assoreamento de 10 anos. Para resolver este problema, segundo ele, teria de entrar com uma máquina dentro da Lagoa para dragar o assoreamento. "O assoreamento não está na Lagoa inteira; está apenas nas bordas... Não há a necessidade de secar a lagoa inteira, como foi feito no passado" - comenta. "Dez anos sem fazer nada; de descaso - assoreou a caixa, que é o principal problema que o professor André mostra; mas, também, não aponta nenhuma solução" - destaca. Fonte Luminosa e Vertedouro O ambientalista também questiona a quebra de parte do vertedouro da Lagoa Maior. Vertedouro é uma comporta que segura a água na caixa alta da Lagoa - que corre para a galeria do córrego da Onça. Quando a Lagoa chega a um nível alto, a água vaza para o córrego. O vertedouro foi construído a uma altura que mantém a Lagoa no nível elevado. Pimenta denuncia que, há cerca de um mês foram quebrados 45 cm do vertedouro da Lagoa Maior. Segundo ele, a administração municipal pediu autorização para o promotor do Meio Ambiente - Antônio Carlos Garcia de Oliveira. O promotor autorizou a retirada de 5 cm. O pedido seria para um reparo na fonte luminosa. "Era para consertar a fonte; quebraram 45 cm do vertedouro e jogaram fora 40 cm da lâmina da água" - explica. E continua. "Por isso, notou-se uma seca tão grande na Lagoa Maior, nos últimos dias. A Lagoa nunca secou, naturalmente. No passado, ela secou, mas por uso de máquinas - processo mecânico - por bombeamento, para realizar limpeza. Hoje, a Lagoa não secou por problemas de urbanização. O que secou a Lagoa foi a quebra do vertedouro e o excesso de bombeamento da segunda para a primeira" - denuncia. O ambientalista afirma que, neste momento, não tem como mandar água da segunda Lagoa para a primeira. Terá de aguardar as chuvas. Ele questiona, mais uma vez, o estudo da UFMS, dizendo que mostram que não há permeabilização de "A água é coletada por fora, para depois abastecer as caixas. Se ele está falando em permeabilização, não se pode falar em canalizar - é necessário água em torno dela. Por outro lado, ele diz que estamos assoreando. Do ano de 2017 até agora, não foi coletado nada de esgoto na Lagoa Maior" - afirma. Unidade de Conservação Pimenta explica que - em 2007 - a prefeita Simone Tebet teve a ideia de fazer, das três lagoas, um parque, que foi chamado de Parque Municipal das Lagoas. Na época, a prefeita tinha o desejo de construir o Ginásio Municipal de Esportes. Para conseguir a licença através do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) teria de cumprir algumas condições. Uma delas seria a criação da Unidade de Conservação para as três lagoas. Foi a partir disto que surgiu o parque. A prefeita encomendou um diagnóstico, que atestou que o local era propicio para a criação do parque, mas teria de desapropriar o Bairro Interlagos inteiro – porque, para ser parque a área teria de ser contínua e as três lagoas deveriam estar emendadas uma à outra, com a vegetação. Nesta época, a prefeita percebeu a inviabilidade e arquivou o projeto. "Seria uma mudança radical, caríssima, inviável e improvável" - diz o ambientalista. O Imasul continuou pressionando. "Por ter uma beleza cênica, o espongilito - que são espículas de esponja, mais conhecidas como pó de mico - que estão dentro da lagoa há mais de 2 mil anos, se dissolveram, tornaram material histórico e, por isso, passou a ser Unidade de Conservação Monumento Natural. De acordo com Pimenta, a Lagoa foi enquadrada nesta nova categoria. Em 2009 o Imasul pediu o cumprimento da licença em 30 dias; mas, o projeto só foi criado em 2015. "Foi criada uma Unidade de Conservação toda errada. A Lagoa Maior deu características para a unidade; mas, devido aos gastos com desapropriações de construções próximas à Lagoa, o diretor do Imasul, na época, pediu para que tirasse a Lagoa Maior da Unidade de Conservação" - explica. O ambientalista questiona que a Lagoa não faça parte da unidade. "Temos R$ 5 milhões de verba federal para serem investidos na Unidade de Conservação das Lagoas, parado desde 2005 - da termoelétrica da Petrobras. A Secretaria do Meio Ambiente teria de tomar providências para reverter este quadro" - comenta. Pimenta diz também que, por conta da Secretaria do Meio Ambiente não ter uma Unidade cadastrada - tanto no Imasul, quanto no Sistema Nacional de Unidade de Conservação - o município paga caro para desapropriar.

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